A Brigther Summer Day (1991)
“戰爭與和平” (Zhànzhēng yǔ hépíng), ou “Guerra e Paz”.
É surpreendente a quantidade de guerra e paz que Yang equilibra em seu filme. Assistimos o primeiro beijo de um adolescente, assistimos sua felicidade ao assistir um show de rock, vemos este mesmo adolescente salvar a vida de um bêbado. Assistimos também um massacre de gangues, uma tijolada no rosto de uma criança, uma adolescente sendo esfaqueada, um homem sendo torturado.
Talvez equilíbrio não seja a palavra certa. Talvez seja o caso de dizer que Yang consegue encontrar momentos de inocência naqueles adolescentes violentos, naquela sociedade transplantada, naquela ilha que recebeu todo o peso dos 3.000 anos de história da China. Ou então dizer que Yang encontra violência naquele cotidiano asiático moderno. Assim, dão às caras: a repressão aos intelectuais da Taiwan de 60–70; a atividade das gangues, a desintegração da cultura chinesa frente ao seu contato com a japonesa e a americana, e o surgimento de Taiwan.
E é precisamente a violência que move o filme. Xiao Si (小四, pequeno quatro), aprende que a violência é a solução para seu sentimento de deslocamento. Um processo que começa com as brigas na escola, passa pela agressão do pai ao diretor do colégio e se finaliza no massacre. A consequência deste aprendizado é o final do filme, com a morte de Ming. Uma cena que surpreende a todos, menos aos chineses. Afinal, o título original do filme é 牯岭街少年杀人事件, que pode ser traduzido como: o incidente do homicídio cometido por um adolescente na rua Guling.
O pai de Xiao Si tem um papel trágico nesta história. Este “camponês que virou intelectual em Xangai” incorpora os valores tradicionais chineses, confucianos, com sua valorização da hierarquia, disciplina e do conhecimento. Tudo que ele representa é questionado por aquela nova sociedade taiwanesa que se formava. Ele é o passado, aquele que deve se adaptar ou desaparecer. A violência da tortura lhe desperta para este fato.